segunda-feira, 26 de abril de 2010

Enfim, Rio do Peixe está para os peixes

Sessenta profissionais monitoram o leito do gigante do Meio-Oeste


Preservar o Rio do Peixe, o maior do Meio-Oeste do Estado, é tarefa diária de pesquisadores, biólogos, químicos, veterinários e outras pessoas preocupadas com a natureza. As águas do gigante banham 14 cidades da região.

Tamanho empenho resultou em águas mais limpas e o ressurgimento de peixes em boa parte dos 293 quilômetros de extensão.

Na década de 1980, a falta de políticas ambientais, o descaso de moradores e a despreocupação de empresas privadas em manter a qualidade da água rendeu ao Rio do Peixe o título de rio morto. Pesquisadores lembram que era mais fácil encontrar um sofá boiando do que um peixe vivo.

O despertar ecológico começou quase 10 anos depois, com a intensificação da fiscalização e a aprovação de leis mais rigorosas. A preservação do rio virou assunto acadêmico e passou a orientar o trabalho de pesquisadores em escolas, universidades, comitês e ONGs.

Atualmente, conforme o coordenador do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, Joviles Trevisol, o assunto é preferência entre os estudantes da região.

– Depois que as pessoas passaram a se interessar pelo rio em assuntos dentro e fora da sala de aula, começou o trabalho de preservação – conta o pesquisador.


Grupo faz estudos para cobrar plano de melhoria

Manter a qualidade das águas é uma das tarefas do comitê. Participam do projeto 60 pesquisadores, que fazem expedições ao longo do rio. O objetivo é coletar dados para orientar a criação de políticas públicas que aliem o desenvolvimento à preservação ambiental.

O título de rio morto está prestes a ser esquecido, avalia o veterinário da Empresa de Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri) Clóvis Segalin. Em expedições, ele e outros pesquisadores descobriram a existência de 58 espécies nas águas do Rio do Peixe.

– Temos de comemorar, porque houve épocas em que não havia sequer um peixe vivo por essas águas. Além disso, o peixe é um bioindicador, o que sinaliza uma qualidade de água satisfatória.

A proibição de pescas com rede, a criação de escadas que facilitam a reprodução e a preocupação com a qualidade água são fatores que justificam o ressurgimento das espécies de peixes no principal rio do Meio-Oeste catarinense.

Apesar do avanço na despoluição da água, os especialistas alertam que ainda há muito para ser feito. O principal problema diz respeito ao saneamento básico. Das 27 cidades da Bacia Hidrográfica, somente Luzerna tem uma estação de tratamento de coleta e esgoto.

– A abundância de matéria orgânica no leito do rio é o problema mais preocupante. Não sabemos ainda precisar como a poluição prejudica o rio, mas o certo é que afeta em cadeia a biodiversidade – alerta o pesquisador Trevisol.




Francine Cadore
Diário Catarinense

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