quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O “business” das Mudanças Climáticas

Por Fernando Zancan*


“As mudanças climáticas são o maior novo projeto de gastos de dinheiro publico em décadas”. (Newsweek, 2 de novembro de 2009). Cada ano cerca de 100 bilhões de dólares são gastos por governos e consumidores no mundo em subsídios verdes, desenhados para desenvolver energias eólicas, solar e outras renováveis. Na Alemanha até 2013 serão gastos 115,5 bilhões de dólares em subsídios verdes. Os lobbies verdes protegem seus negócios, por exemplo, impedindo via vários mecanismos, inclusive não tarifários, que o nosso álcool mais barato possa acessar o mercado europeu e americano.


Hoje na Alemanha o consumidor que instala painéis solares pode vender energia para o grid pelo preço subsidiado mais caro do que ele compra para sua casa. Em 2009, 2,3 bilhões de euros de subsídios serão gastos com energia fotovoltaica na Alemanha.


O CO2, vilão do clima, também reativa a energia nuclear que estava esquecida por seus problemas ambientais, reaquecendo um mercado de 250 US bilhões para os próximos 40 anos segundo a IEA, e como é mais caro também recebe subsídios, especialmente nos Estados Unidos.

No caso do famoso mercado de carbono, que ainda não decolou, pois os principais emissores estão fora, os bancos e brokers esperam que com um acordo internacional este mercado cresça dos 64 bilhões de euros em 2010 para 1,1 trilhões de euros em 2015, segundo estudos da Mckinskey.


A indústria do petróleo, por sua vez, com 80% das suas reservas em mãos de empresas nacionais, com os poços antigos perdendo pressão e reduzindo produção, espera na captura do CO2, viabilizar uma produção de cerca de 200 bilhões de barris, ou seja, aproximadamente 16 trilhões de dólares em petróleo. Hoje nos USA já temos cerca de 5.000 Km de gasodutos transportando CO2 para os poços antigos no Texas visando recuperar mais petróleo.


E o carvão? O carvão, descrito pela mídia como o grande vilão (só 25 % das emissões mundiais, abaixo do petróleo e gás), tem mais um novo desafio tecnológico após o sucesso de equacionar a chuva ácida na década de 80. Precisa resolver a captura do CO2 e a solução tecnológica está em curso com investimento de bilhões de dólares em CCS. Segundo a Agencia Internacional de Energia, seriam necessários 3.400 projetos de CCS (55 % na área de energia) no mundo até 2050 o que contemplaria 5 trilhões dólares de investimento nesta tecnologia, incluído captura, o transporte de CO2 e sua armazenagem.


O Relatório da Agencia Internacional de Energia divulgado no dia 10 de novembro cita que serão necessários 10,5 trilhões de dólares adicionais no investimento do setor de energia mundial para mitigar as mudanças climáticas nos próximos 20 anos.


De todo esse movimento tecnológico: energias renováveis, nuclear e o CCS e mais o mercado financeiro, só temos uma certeza, o custo da energia no mundo aumentará. Quem é rico pode pagar a conta e os pobres como ficam? O CO2, também será usado como barreira não tarifária, vide as recentes discussões no Congresso dos USA onde pragmatismo da defesa da indústria americana aparece desnudando as discussões ambientais das mudanças climáticas. Na França, o Presidente Sarkosi também fala em barreiras tarifárias para proteger a sua indústria, preocupado que sem um acordo firme em Copenhagem elas de desloquem para países onde a energia seja mais barata por não terem compromissos formais de CO2.


Os salvadores do planeta devem sentir-se reconfortados pelos trilhões de dólares que giram na economia verde. Só esqueceram de um problema secundário: o de bilhões de seres humanos que estão relegados a miséria. A conta para esses será mais cruel.


O movimento ambientalista deve estar satisfeito, pois ao lado do meio ambiente está o dinheiro, são trilhões de dólares envolvidos para “salvar o planeta”. Mas e as necessidades de bilhões de pessoas que estão na miséria como ficam?





*Fernando Luiz Zancan é
Presidente da Associação Brasileira
do Carvão Mineral – ABCM


Um comentário:

João Carlos disse...

É compreensível que as nações do primeiro mundo queiram prejudicar as nações em desenvolvimento. Mas daí imaginar que o aquecimento global é um negócio, também não está certo.

O encontro de Copenhaguen é a última oprtunidade para os governantes e poderosos do planeta darem um basta a esta situação.

Não há mais a menor possibilidade de esperar pelo futuro!

João Carlos
Professor
Criciúma